Características clínicas e funcionais de adultos neurocríticos internados em UTI
Thamara Ferro Balsani Comin, Rayssa Bruna Holanda Lima, Flávia Manhani Muzette, Maurício Rodrigues Comin, Maryelle Desirée Cardoso Daniel, Karla Luciana Magnani Seki
Resumo
Introdução: pacientes com distúrbios neurológicos que necessitam de internação na Unidade de Terapia Intensiva podem desenvolver sequelas motoras, e a internação prolongada e a imobilidade podem piorar o quadro funcional. A Intensive Care Unit Mobility Scale (IMS) avalia os ganhos funcionais dos pacientes sob cuidados intensivos. Objetivo: analisar as características clínicas e funcionais de adultos neurocríticos internados em UTI. Método: estudo longitudinal, descritivo, de caráter retrospectivo, realizado por meio da análise de prontuários. Foram analisadas as características clínicas e funcionais dos participantes neurocríticos, incluindo o nível de consciência pela Escala de Coma de Glasgow (ECG) e da funcionalidade pela IMS. Resultados: foram incluídos 93 pacientes, divididos em dois grupos (grupo trauma e grupo clínico). 40 do grupo trauma (75% destes, vítimas de TCE por acidentes automobilísticos) e 53 do grupo clínico (66% destes, vítimas de AVC). Os pacientes do grupo clínico tiveram idade superior ao grupo trauma (p<0,001); ambos os grupos apresentaram melhora do nível de consciência (p<0,001); no grupo trauma a pontuação inicial da IMS foi de 3,0±2,0 e final de 4,0 ± 4,0 (p<0,001) e no grupo clínico, 2,5±2,5 e 3,5±3,0 (p<0,001). Além disso, a associação da IMS e ECG final apresentaram correlação positiva (r=0,735) e um valor de p<0,001. Conclusão: os dois grupos obtiveram uma melhora semelhante da funcionalidade e do nível de consciência, e o nível de consciência foi um fator contribuinte para a melhora da funcionalidade.
Palavras-chave
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Submitted date:
02/01/2021
Accepted date:
09/29/2022